
E com minha pena.
O vento sacode as copas das árvores,
O pó da terra.
A lua está subindo devagar
E se estreitam,
Tu que colhe o que cintila em mim, Faz explodir meu coração, Que ainda que fugaz, Repousa em ti.
Meu espaço até você continua,
Apesar da distância de teu olhar
Que muda na indefinição
Das mil partículas que se
Expandem de nossos corpos.
Quando te olho,
Na imensidão do espaço
Que pulsa em meu tempo,
Girando em nós de modo contínuo,
Minha relatividade vai
Até onde você se mostra.
Gravitando em teu mundo
Eu sou você na distância.
Seguimos juntos
Emaranhados numa trajetória
De letras e imagens,
Num estado quântico de ser.
Vamos juntos como uma onda,
Num mesmo cenário distante,
Que se repete,
Aqui em mim e aí onde estás.
E Abel ia com suas ovelhas
Para o campo mais verdejante.
Em paz consigo,
Tocava sua flauta de caniço.
Ali era o seu esconderijo,
Ali ficava com seus segredos.
Tinha alma grandiosa
E procurava o caminho
Para se engrandecer no Senhor.
Mas Deus quis lhe fixar
Um dia para o termino desse olhar.
E assim fez.
Quando Abel voltava à sua casa
No fim da luz do dia,
Não percebeu um vulto
Que se escondia na agonia.
E foi esse vulto
Que lhe apagou o presente
E todo o seu futuro.
E no fundo da noite,
Abel ficou calado
Pensando como foi
Acabar-se junto com o dia.
Com muito jeito
Caim subiu para o leito
E deitou-se virado para a parede.
Foi virando bem devagar
E se pôs a fitar miríades
De microscópicos pontos
Coloridos, disseminando-se
Na escuridão do quarto.
Caim só se atormentou
Quando Eva lhe perguntou:
Viste Abel, teu irmão?