sábado, 1 de maio de 2010
Palco
Foto de Marta Ferreira
Ando sob águas turbulentas,
Afundando na solidão com passos pesados.
Penhascos escuros surgem como recortes de papel
No teatro montado.
Estranhamento é o que sinto dentro da pele
Deste personagem que visto.
Dou franca entrada ao desconhecido
Que insondável, tateia a bilheteria de meu peito.
Tento o esquecimento, a inconsciência,
Para obter uma redenção.
Mas é na escolha da peça
Que recai a dor insuportável,
É na memória dos primeiros dias,
Onde a música era ouvida pelo coração
E não precisávamos das máscaras.
Puxo a cortina e descubro que ali,
Na primeira fila, ainda me esperam,
Com ansiedade e surpresa.
Posso ver no rosto do coração jovem
O brilho do “primeiro olhar”.
A Tecelã
Tela de Marcelo Tanaka
Minha juventude parte com dentes cerrados.
Riscaram meu nome do livro dos vivos.
Entrego-me às chamas rodopiando
Convulsa entre as labaredas do destino.
Língua de fogo acelerada, lambendo
As breves lembranças.
Sou devorada pela luz das chamas
Que se alastram apagando o que fui.
Sou derramada como água de um jarro.
Vou retorcida, esmigalhada pela foice negra.
Coberta num manto de morte,
Abraço meu inverno com pesar e incerteza.
Sigo na aridez da noite temporal,
Que marca o fim das horas.
Dentro do nada evoco o começo de meu tempo
De borboleta menina.
A tecelã do destino sopra em meu rosto,
Como um anjo, sua força de tecer sementes.
Arma-me de volúpia e vontade de querer ser.
Prepara os fios condutores do tear,
Fazendo-me deitar nesse espaço de novelo.
Minha juventude parte com dentes cerrados.
Riscaram meu nome do livro dos vivos.
Entrego-me às chamas rodopiando
Convulsa entre as labaredas do destino.
Língua de fogo acelerada, lambendo
As breves lembranças.
Sou devorada pela luz das chamas
Que se alastram apagando o que fui.
Sou derramada como água de um jarro.
Vou retorcida, esmigalhada pela foice negra.
Coberta num manto de morte,
Abraço meu inverno com pesar e incerteza.
Sigo na aridez da noite temporal,
Que marca o fim das horas.
Dentro do nada evoco o começo de meu tempo
De borboleta menina.
A tecelã do destino sopra em meu rosto,
Como um anjo, sua força de tecer sementes.
Arma-me de volúpia e vontade de querer ser.
Prepara os fios condutores do tear,
Fazendo-me deitar nesse espaço de novelo.
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