quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Olhar

Tela de Duffy Sheridan

Descortino o universo
Sombrio e escondido.
Mostro por um instante,
Uma única visão crepuscular,
Àquela primeira,
Que o olho de Deus tocou.
Ele cede-me seu olhar
E eu apanho essa visão
De navegante conquistador.

Incrusto-me na abóbada celeste,
Que irradia um som lírico
Na trajetória dos cometas,
E em delírio, fundimo-nos,
Como aquarela no cosmo.

Derramo-me no firmamento
Em delírio supremo.
Pinto os astros de cores,
Esfumaçando os contornos,
Com sopro divino.

E por uma vontade desconhecida,
Retorno ao molecular
Desejo de ser humana.
Alastrando-me nas nuvens,
Sou envolvida pelo turbulento
Aconchego da civilização terrestre.

Acolhida como anjo caído,
Curvo-me nessa vontade,
Precipito-me a esse peso
Que hiberna no coração dos homens.
Dou-me a eles e compartilho
Minha existência cósmica.
Faço brilhar em mim sua faísca de sol.

Enquanto giro,
Arrasto o tempo e o espaço
E o meu redor é alterado
Pelas órbitas humanas.

2 comentários:

Arnaldo Leles disse...

Seus poemas
despertam me uma
nostalgia(um pouco
cortante)de algo belo
que perdi, não sei
quando, nem onde.

Um abraço Raquel!

docerachel disse...

Arnaldo estamos sempre perdendo algo...

Abraço forte.