domingo, 9 de janeiro de 2011

Saudades



 Fotografia de Derly Barroso

Tenho uma saudade tão imensa,
Que chego a deslizar pelo silêncio
Que mora nas paredes de meu quarto.

Sua falta é de uma dor tamanha
Que sinto o peso da tristeza
Desdobrando-se sob minha alma.

Todas as cores se transformam em sangue,
Matizando o anoitecer de minha ilusão,
Num imenso céu inacessível.

Vejo suas promessas tomarem forma
Quando esvazio as ânforas
Ansiando descobrir o oculto de seu ser
E só encontro a solidão delas.

Estou dentro de um pesadelo
Levada por caravelas negras
E não sei o fim do meu destino.

Tenho o coração atormentado
Por um crepúsculo desconhecido,
Um frio que me tomba
No bosque de uma paixão lendária.

Conheço a boca que canta
Essa melodia entrelaçada de tormento,
Pois a mesma voz já me fez
Promessas de paraíso.

Chego a me transformar em você
Para amenizar essa dor agonizante.
Canto sua canção, até minha dor adormecer,
Fingindo te reconhecer em mim.

(Ganhador do Concurso de poetas da Proibido Proibir)

4 comentários:

Macário Campos disse...

Adoraria escutar este poema declamado por você.
Que tal colocar junto do texto sua versão sonora?

Bjs,

O que Cintila em Mim disse...

Se vc me mostrar o caminho, sim. Nunca gravei e não sei como ficaria, rsss. Vamos ver...é um poema denso, triste até.

Dalva Abrahão disse...

"...chego a deslizar pelo silêncio Que mora nas paredes de meu quarto."

Bjos doce Rachel

rosadocairoshannyalacerda.blogspot.com disse...

Realmente: o que é a saudade? Como você bem disse é o sopro que ecoa nos quartos de nossos pulmões é o gemido que soluça dentro das artérias de nosso pulsar. É algo que está em nós e não no lá. ".... chego a deslizar pelo silêncio que mora nas paredes do meu quarto" (palavras tbm da amiga acima)

bjuz e belíssimas conduções poéticas