quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Rosto Líquido




 Tela de Majid Arvari


Depois que você se foi,
Escrevi versos que choravam.
Naveguei por fragmentos
Chamando por olhos na vidraça.
Vi chover noite,
Em um quarto de terror e espera.

A casa ficou morta diante da treva.
Meu rosto ardia, líquido de lágrimas,
Numa trilha fervente de desassossego.
O vento entrava, destruindo a boca
E a pedra dentro dela.

Agora, sou estrangeira em mim.
Alguém que caminha no silêncio,
E tem os olhos arrasados,
Arrancados das órbitas e estilhaçados
Ante os vidros da janela.

Que venha uma rosa trazida pela noite
E beba de meu rosto a melancolia.
Que se alimente das lágrimas quentes,
Levando de minha alma os dias de escuridão.

O esplendor, que era só nosso,
Tornou-se tempestade fragmentada.
Virou degelo retumbando na vidraça,
Mostrando uma longa sombra escura
Desenhada na parede de nossa casa.

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