quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A Estrada

Tela de Marc Chagall


A estrada que ele rodava

Era de terra dura, escamada,

Com um brilho que esvoaçava,

Agitando sílica no ar.


Couraças de homens brutos

À beira do caminho

Mergulhavam olhos

Dentro do lugar.

Naquele carro, rumo ao sul,

Ele se perdia

Num emaranhado de poeira.


Ia imantado na cabine,

Às mãos grudadas ao volante.

Dos olhos amendoados,

Rasos de líquido verde,

Saltavam tentáculos

Que se enrolavam

Na paisagem atormentada.


Dentro dele
Era tecido um sonho:

Minúsculas conchinhas

Esvoaçavam num delicado bordado.

No fundo de um oceano azulado,

Pulsando no compasso

Do coração dele,
Uma sereia o atraia

Para seus braços.

3 comentários:

Era uma vez...... disse...

adoro esses versos!
adoro essas rimas!
adoro como vc ilumina os caminhos da poesia!

docerachel disse...

adoro quando vc me diz essas maravilhas!

manuel marques disse...

Acordar num Domingo de manhã, mesmo que sem fazer amor e escutar música sublime, mas, melhor que isso ler-te é algo que faz ganhar o dia!

Felizmente, na vida real, que ganhei uma sereia que me conquistou, espero que de vez, para os seus braços, que o mar é grande e já me sentia algo perdido!

Beijos e abraços!