segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Grito

Tela de Edvard Munch (O Grito)



Meus dias seguem como a cor da noite,

Meu pôr-do-sol grita em vários tons,

Mas é o vermelho sangue

Que se fixa em minha retina desesperada.


Carrego comigo um olhar de pranto.

A irradiação de meu espanto

É um sinal despedaçado,

Fixo nessa paisagem que conspira medo.


O ar quente oculta meu sinistro grito.

Atravesso a rua ouvindo gemidos guturais.

Os pássaros estão petrificados

Na paisagem derretida.


Sigo sozinho nessa estepe amarga.

Minha boca deixa flutuar nuvens

De melancolia,

Que se juntam no céu crepuscular

De minha angustia.

Trovejam chamas num céu de treva.


Um rio azul de lágrimas

Cobre-me de uma substância fria,

Até deixar-me transparente.

Não sou mais eu aqui, mas o grito

Levado pelo vento.

Um comentário:

Renato Miranda Filho disse...

Fabuloso O Grito...realmente gostei...vou visitar seu blog com mais frequencia...me identifico muito aqui...