Tela de Sir Hubert Herkomer
Busquei por ti em todos os lugares.
Refiz todos os ritos da imaginação,
Usando uma arquitetura de sons
Edificada no ritmo mais puro,
Para alcançá-lo no tempo.
Visitei o começo de tudo,
Procurando-te dentro das coisas.
Escrevi nossos nomes na árvore da vida
Marcando o princípio do encontro,
Num fio tênue dentro da primavera,
Enquanto a vida nos pensava.
A lâmina cortou cada trama
Que se emaranhou entre nós.
Mesmo assim fomos cegados
Pelo brilho dos cristais espelhados
Daqueles que vigiavam.
Passo a passo, desfiz as metáforas
Dos jardins suspensos,
Mas não te encontrei em nenhuma flor,
Ser alado ou espelho d`água.
Equilibrei-me no ar rarefeito
Das longínquas montanhas,
Para falar com as águias
Sobre o teu paradeiro
E só ouvi fórmulas entrecortadas,
Vindas da percepção dos pássaros migradores.
Vi o desenho de teus passos
Gravados nas pedras.
Dos sulcos saiam rios transparentes
Como vidro, que entravam em minha boca,
Cheios de pedidos.
Tornei-me líquida para acompanhar
A transformação do caminho do rio
E fui renascendo pela eternidade,
Buscando iluminar-me em ti.
Minha ânsia espiritual voava te buscando,
Pois eras o meu templo perdido.
Rodei como espiral atormentado,
Desdobrando-me para o teu encontro.
Um sonho incandescente e sedutor
Enfeitiçava o meu corpo,
E pensava acalmar-te como amante.
Acordei cada dia numa prece de busca,
Sob uma luz recolhida
Desse caminho desconhecido.
Suplicante segui tentando
Descobrir a ordem da vida e da morte,
E a pulso sustentei os dias,
Para encontrar-te ainda nesta vida
E sermos uma única chama.