
Líquida me tornei em teus braços,
Escorri-me no que era exato,
Derramei-me em teu dorso quente,
Que se dobrou em concha a me represar.
Procurei fendas, escoei regatos,
Encontrando braços a me amparar.
Derrubei barreiras, modulei mil voltas,
Até ser inteira em um jarro teu.
Fui bebida aos goles de quem febre ardia
E foi tão nascente essa sede louca
Que senti sua boca, eterno sugar.
Num fervor que pede, consenti respingos,
Dessa minha água eu fiz derramar.
Evaporei gotas ondulando pele,
Escorri-me em névoa para te alcançar.
Penetrei abismos e fui sacudida,
Até dissolver-me neste teu olhar.
Escoei doçura num último espasmo
De êxtase líquido, por te abraçar.
E virei dilúvio, encharquei-me em brasas,
Implorei tua boca para me beijar.
Tive o paraiso, bolhas de espuma,
Agora estou quieta neste teu olhar.
3 comentários:
Eu adoro ler os seus poemas.
São tão delicados mas tão fortes.
a
lique
facção
do
olhar
[rio de
deslumbramento]
Isso é lindo!!!
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