Fotografia de Eugeny Kozhevnikov
O que é tarde em nós me diz
Que não quer ser.
Nossas manhãs gritam
Que está chegando à hora.
Esse andar de alma derrotada
Que se acerca de nosso caminho,
Que nos envolve,
Afastando-nos dos passos
Que fizemos juntos,
Insistem em dizer
Que podíamos ter vivido mais.
Um medo atávico de ter razão,
De já saber que vamos vazando
Num sumidouro,
Subtraindo o tempo
E o direito as confidencias,
Deixa-nos vazios.
Declarávamos de forma tão exata,
Um amor que queria morrer junto,
Mas que agora espreita o resto do dia
Perdido dentro de pequenas coisas.
Sei que necessito do eterno,
Das descobertas dentro da pele,
Mas estou indo embora.
Sinto no rosto a derrota e
Uma ventania desfigurante.
Refazemos nossas horas
Todos os dias e elas são efêmeras.
A alma não está mais aqui,
É qualquer coisa de sombra,
De lugar vazio que não volta.
Qualquer coisa de nós dois
Que não existe mais.
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