domingo, 3 de janeiro de 2010

Compaixão

(desconheço o autor)


Ele veio para mim

Como suntuosa claridade

Quando eu era uma estreita sombra

Envolta em nevoa.


Sem aviso prévio entrou pela porta estreita

De meu coração.

Foi como se uma cortina se abrisse

Deixando toda a luz do dia entrar.


Esse mesmo coração, agora largo

Vive o mistério da luz confiado a mim.


Aquele meu singular fascínio

Pelos subterrâneos escuros se foi.

Dedico-me agora a leveza,

Ao esplendor matizado

Da rosa mística da existência.


Acompanho o drapeado que evolui

Em minha roupa transparente.

Vejo asas soltas dançando um existir

De vida dupla.


Aprendo uma outra maneira “do ver”.

O meu olhar não cai somente no olhado,

Mas é sinuoso a buscar o escondido.


Olho para poder novamente ver,

Ele, sempre ali estilhaçando seu olhar em mim

Mostrando-me o mistério da compaixão.