sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Noite Morta

 Tela de Sol Halabi



Não tive lugar onde descansar
Porque me faltou a pedra.
O tapete cotidiano foi dilacerado
Por passos que guardavam o caminho
Que levava vento ao coração crepuscular.

Das sombras ecoavam relâmpagos
Que se desprendiam submersos em vertigens.
Eu estava invisível e era como o sal das águas.
Era levada por um vento de nevasca,
Enrolada em mortalha negra.

As noites se juntaram para formar
Uma aurora de silêncio.
Folhas se soltavam tocando o chão
Ferido de pedras.

Eu me emaranhava na última réstia de luz,
Sozinha dentro de meu vestido de espinhos.

A minha morada é um lugar de filamentos,
Musgos e uma densa nuvem de poeira dourada.
Reconheço tua voz rarefeita, teus pés de trovão,
Que me acorda inconsolável pela noite morta.