sábado, 1 de maio de 2010

Palco

Foto de Marta Ferreira


Ando sob águas turbulentas,

Afundando na solidão com passos pesados.

Penhascos escuros surgem como recortes de papel

No teatro montado.


Estranhamento é o que sinto dentro da pele

Deste personagem que visto.

Dou franca entrada ao desconhecido

Que insondável, tateia a bilheteria de meu peito.


Tento o esquecimento, a inconsciência,

Para obter uma redenção.

Mas é na escolha da peça

Que recai a dor insuportável,

É na memória dos primeiros dias,

Onde a música era ouvida pelo coração

E não precisávamos das máscaras.


Puxo a cortina e descubro que ali,

Na primeira fila, ainda me esperam,

Com ansiedade e surpresa.

Posso ver no rosto do coração jovem

O brilho do “primeiro olhar”.

Um comentário:

manuel marques disse...

O homem comum estranha um mero abraço sem que depois tudo se fique por aí, mas esquecendo a costumeira cobardia algo em si vai ganhar asas! Beijinhos!