segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Nosso Ideograma


 Tela de Katarina Lomonosov

Busquei sua voz
Entre o salto dos minutos.
O momento das horas
Caiam minuciosos,
Marcando o pulsar
No piscar dos olhos.

Extremos se juntavam
E tentáculos apertavam
O que era frágil.

À noite do sabbat começara.
Velas se acenderam
E o silêncio penetrara
Nas frestas de luz.
Estranhos ruídos surgiam
Nos cantos.
A magia daquela noite vibrava.

Esperei que viesse,
Que mostrasse a face oculta
No momento mágico.
Meus olhos cor de topázio
Transmudaram em fogo
No final da noite.

Mergulhei na inquietação
Daquelas horas roubadas.
Minha visão foi de sua indiferença,
A minha evocação apaixonada.

Fui incapaz de gritar as letras
Que formavam o seu nome.
Deixei que o vento as levasse
Para um lugar subjetivo
Num canto da Terra.

A torre de marfim que construí
Ficou sem as oferendas aos deuses
E eles não se alegraram.

Todo o mosaico que montei
Nas paredes
Formaram um rastro enigmático
Entre as pastilhas de vidro.
Desenhei um motivo mitológico
Inadequado a minha época.

Cantei para ele, palavras hebraicas,
Enquanto dançava o mistério dos sete véus,
Mas nada foi o bastante nessa roda.

Estou numa ilha perdida,
Num oceano sepultado
Entre corais de sangue.
Lentamente retorno aos raios
Que roubei das estrelas
E tento apagar nosso ideograma.

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