domingo, 19 de setembro de 2010

Rio Nilo


Tela de David Edward Linn


Quanto tempo vai durar
O meu dia nessa noite escura?
Vou de volta ao palácio das brisas,
Com suave perfume de rosas,
Onde se encerram os suspiros.

A estrada das tamareiras é real
E eu caminho em busca do sol.
Meu destino segue embriagado,
E quem o conduz é cego
E desconhece essa paisagem invisível.

Dunas de areia vão se levantar
Formando montanhas entre as brumas
Do sonhado, mas eu acharei o seu caminho,
E seremos levados sem conta nem tempo.

Estou afundando neste sono
E nesta noite de espera,
Sendo para você
A mais delicada sombra
Que vai se arrastando
Para o centro do crepúsculo.

Encontro um rio mitológico
E bebo na fonte de um Nilo
Que reflete a aurora.
Ele coloca o sonho numa
Selvagem desordem.

O deserto me arrebata,
Rouba minha sombra
E meus dias de ilusão.
Solto minhas mãos
Que ficaram em espanto
Procurando você nessas águas.

Sou colocada numa noite de febre,
Num deserto de dunas que venta desejos.
Nossas almas virão para dentro do corpo,
Se soltarão absolutas,
Em busca dos gritos, antes que nossos
Abraços se arredondem na superfície desse rio.

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