segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Fôlego


Tela de William Shih-Chieh Hung


O fôlego me faltava.
Era uma insanidade de loucura
Que se estabeleceu naquele momento.
Uma entrega impaciente, eriçada
Que reproduzia toda a lascívia
Que borbulhava entre seus dedos.

Não conseguia mais harmonizar
Aqueles momentos furtivos.
Uma alucinação penetrava
Através dos poros,
Para se transformar numa textura
Física e irremediável.

Tornei-me luminosa.
O sol atravessava o meu corpo
E um deleite se instalava
Nos terminais de meu ser.

Que fascínio mortal era esse
Que transportava estrelas douradas
Para o meu centro desnorteado?

Assinei um termo de ansiedade absoluta,
Quando fui invadida por sua chama fustigante.

Morria e ressuscitava
A cada contração invadida.
Explodia por entre a mordaça de seus braços.

Eu era uma fruta suculenta
Que se esvaia em sumo
Pela ferocidade de sua língua
Que ondulava êxtase.

Penetrara num lugar clandestino,
Numa reentrância úmida e urgente.
Dentro de uma existência
Incandescente de sol
Que pulsava sob uma rosa alucinada.


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