quarta-feira, 25 de julho de 2007

Açucena

Tela de Enrique Medina

Como uma açucena branca,
Abri-me dentro de um jarro.
Inconsolável eu estava,
Porque tu não me olhavas.

Balancei-me com tal força,
Que perfumes espalhei.
Desprenderam-se mil pétalas
Colando-se em ti por querer.

Enrolei-me molemente
Com meu vestido diáfano.
Mordi-lhe a pele toda
Esfregando-me em ti.

E num suspirar de louco,
Rasgou minha carne branca,
Arrancou os meus cabelos,
Mão de lança me mostrou.

Tornei-me uma coisa inerte,
Indefinida e sem norte,
Cortou-me com uma faca
Para me ferir de morte.

Um comentário:

Manuel Marques disse...

cintilante
lancinante
provocante

a minha querida amiga de letras no seu melhor!


opps... posso? sem que penses que estou apaixonado?


beijos e muitos abraços!

e parabéns, nunca é demais dar-te os parabéns! sou fã do que escreves! e quero o livro!!!