sábado, 13 de fevereiro de 2010

A Teia

Tela de Rafal Obinski



A teia sutil foi dando voltas

Fingindo desinteresse em me querer.

Sacudia-se num corpo de trevas

Engendrando caminhos de véu.


Rodava vendavais das pequenas coisas,

Escondendo uma cólera ardente,

De danação entre os dentes.

Custando a retornar seu domínio

Do ir e vir.


Minha carne lívida da fatalidade

Ardia na consumação do atrito.

Fagulhas saltavam dos contornos trapaceiros.

Brotava desse encontro o peso da verdade,

À água amarga da saliva quente.


Nossos caminhos sucumbiram ao abismo.

Fomos tragados pelo desconhecido esquecido,

Num mapa de partículas caóticas.

O plano para desvencilhar a teia da memória

Virou emaranhado de silêncios.


Descubro tarde demais,

Que o que convém a teia é o que me contém.

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