terça-feira, 19 de abril de 2011

Tecendo Calafrios


 Tela de Balthus


Tudo se desfez no poente.
O que havia ali era ilusão.
Folhas soltas, boca seca, e ausência.

Meu rosto, emaranhado de doçura,
Foi rasgado na intempérie do desprezo.
Águas glaciais me conheceram
Pelas lágrimas que derramo
Em tuas mãos.

Tenho a terra fria me esperando,
Um sulfúrico aroma sem desejo.
Lágrimas que tecem calafrios,
No vazio interstício dos teus beijos.

Meu olhar de luz virou treva,
Apunhalado por sangue e aço.
Minha voz é um grito peregrino,
Buscando-te rouca pelo espaço.

5 comentários:

Macário Campos disse...

Já estava sentindo falta.
Bjs

Paulo Roberto Wovst Leite disse...

Verdadeiro ocaso...

luiz gustavo disse...

secá-las - as folhas -
e pisá-las sob os pés
e ouvir o ruído
de uma fogueira...

V.Cruz disse...

Cai o pano e silencio se faz!
Aplausos agora é o que escuto. No palco da vida muitos textos são ensaiados e estreados...fico pensando, talvez necessitemos deles para retornarmos para "nossa casa" em reflexão...
Bjsssss

wanessa g. disse...

Me lembrou Álvares de Azevedo. Belas palavras.