domingo, 22 de julho de 2007

Lolita

Tela de Apoloniusz Kedzierski

Lo-li-ta,
Três sílabas líquidas,
Linda como um bálsamo
Que estanca tempestade,
Que escorre quente e úmida
Para as minhas mãos de febre.

Não sei se és realidade,
Ou se é uma criança intocada.
Um martírio de carne,
Que vira um proibido desejo,
De ter-te em mim.

Não sei se o que sonho,
É um vulto pequeno,
Um silêncio que sopra,
Uma vontade de água
Bebida em seu seio
Ainda botão.

Meu rosto de pedra
Busca sinais,
Num corpo de anjo
A se enroscar.
Meu peito é aberto,
Por mãos pequeninas
Que sabem tocar.

Uma flor que caminha
No meu desengano,
Rindo de tudo
O que eu tento deter.

Um barco, uma ilha,
É tudo o que quero
Para te esconder.

Lolita
Tirou-me a alma
Abafando o meu fôlego.
Sou um menino
Perdido em suas mãos.

E quando o dia e a noite
Ainda dançam incertezas,
A verdade do meu desejo,
Louca, grita o seu nome.

Então rompe em sorrisos
E como abelha libertina
Faz-se líquida como mel.

2 comentários:

Manuel Marques disse...

daqui a uns tempos, quando tiver uma câmara de filmar ou algum artefacto que me permita fazer filmes pequenos, vou declamar poemas e colocá-los no youtube... e se me permitires quero fazê-lo a alguns dos teus!

Parabéns!

docerachel disse...

Será um imenso prazer ver sua criatividade fluir na tela.