sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O Arco do Flecheiro

Tela de Frank Dicksee


Vem e solte meu coração de tuas mãos.
Gota a gota, perco lágrimas de rubi.
Oriente-me nessa desordem de dor.

Deixa que me disparem
De todos os pontos do arco do flecheiro,
E voa na cadência dos ventos.

Quero ser a primeira a chegar
Onde o sol levanta.
Erguer teu estandarte
No dorso da terra úmida e verdejante.

Dá-me teu sonho,
Para eu encher as jarras de prata,
E me acalmar em minha aflição.

Ordena-me um lugar sem mistério,
Que caiba tua luz flamejante.
Fala-me tuas palavras devoradoras,
Dobra-me em teus joelhos de suplica.

Meu coração há de parar,
Quando tu parares
Tua flecha cintilante no ar.

Meus pés criarão raízes ao teu redor,
Porque já faço parte da pele que te cobre.

Agora te envolvo com um manto de sono,
E sopro uma leve brisa,
Para que te aconchegues em mim,
Penetrando o meu tecido.

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