sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Bosque

Tela de Odilon Redon



Cresci à sombra dos bosques.

Desde sempre senti o aroma

Da madeira coral entre meus dedos.


Estremeci cada vez

Que as folhas da canela

Foram esmagadas

Para o chá do despertar.


Chorei todas às vezes

Que o sândalo foi colhido.


Viajei incógnita para ver

O traçado nebuloso dos cedros

E as sementes do cardamomo.


Vi olhos no meu caminho,

Mas a iluminação da primavera

Foi a melhor mensageira.


Nas sombras do bosque,

O fio condutor que me levava

Pelo labirinto de galhos,

Era seu hálito de menta.


Foi o sorriso breve

Do bambuzal tocando caniço,

Quem me avisou de teu perfume.


Estive no refúgio da noz moscada

E sorri pela manhã.

Deslizei no coração das mangueiras

E suguei seu sumo amarelo.


Afastei as hastes de junco

Até chegar junto à fonte

Das oferendas.


Supliquei o bálsamo da vontade

E fui abraçada

Pela fumaça da cânfora ardente.


Finalmente,

Deitei-me em águas de orvalho.

Banhei-me nas irradiações de seu olhar.

Levantei-me inteiramente renovada

Para beijar o ar que era seu.

4 comentários:

Adonis k disse...

A vida aponta suas setas para alvos vários, mas em poucos acerta.
A maioria dos dardos se perdem ou
cravam-se em lugares inusitados.
Isto tem nome? Será o Destino?

manuel marques disse...

«...e de manhã quando olhei para o rio que estava doente, em febre ardente com os afluentes zangados pensei num nome de mulher, uma flor adocicada numa viagem encantada que me fizesse desfalecer...»

made by me!

É sublime poder abraçar estes teus versos vindos pelo ar infinito que rodeia a tua incessante imaginação!

Beijos e abraços!

Eunice Boreal disse...

Um jorro de versos pelos sentidos

Anônimo disse...

Sou um sopro,suave,como uma leve
brisa que tenta acariciar...
Mas incomoda sem querer...
Como se fosse uma sombra!
Lindo o teu Bosque,inebriante,
Fechando os olhos,dá para imaginar
um belo passeio por este Bosque,
montada num cavalo Alazão e dar largas á imaginação!

Bacini.