sexta-feira, 20 de março de 2009

Muitas Moradas

Tela de Carel Fabritius



Tenho muitas moradas

Em minha casa.

Em cada canto, uma recordação

De cristalina claridade.


Dentro da casa vivem estações,

Sob o ladrilho das palavras.


O jardim é da primavera.

Ali as folhas sussurram,

Espalham-se equivocando a realidade.

Aceitamos as coisas como vêem.


O outono das salas

Pesam e dizem mais do que dizem.

São doces recordações dos filhos,

Os desenhos rabiscados,

Ondulando pensamentos.


O verão saindo das panelas,

O espírito aventureiro dos temperos,

Capaz de viajar o mundo

Através dos pratos exóticos,

Do lenço na cabeça

Respirando o calor dos aromas.

Incendiamos.


O inverno caminha lentamente à noite

Para a cama, no quarto.

A memória se reserva

A uma existência de lembranças

Antes de dormir.

Contendas, desamor, sofrimento,

Tudo acaba onde o amor acontece

Para tecer as estações da casa.

2 comentários:

manuel marques disse...

Talvez não tenha nada a ver ou talvez tenha:

...se o céu está um pouco mais negro que o costume é sinal que as bacantes estão activas e que deves aproveitar as suas energias para que as rimas se acertem...

MM

Beijinhos e que saibas que os teus poemas nunca acabam. Sabe sempre bem voltar a eles!

docerachel disse...

Volte mesmo sabendo que eu não te dou o tempo que mereces.
Gostaria de me duplicar para estar mais com meus amigos.