segunda-feira, 18 de junho de 2007

Sede

Tela de Claude Lorrain


Não é mais o coração que dói,
É a minha alma, é a calma, é a sombra,
É o pássaro sombrio do que resta,
Do que sobra desse canto, encanto,
Encantamento.
Esse espanto exato
Do que passa pelo coração.
É o riso extremo da razão
Que dói, que faz sofrer
E traz de volta aquela sede
Que estreita o horizonte,
Que adivinha o azul que some,
Que cansa a minha alma
Que sozinha dorme.
Vai atravessando a calma,
Marcando pegadas,
Enquanto o verde estende-se
E adivinha a sede,
Devorando estradas,
Instala-se em minha boca
Quase tarde, e como senha,
Marca-me e mata-me.

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