(Desconheço o autor do desenho)
Inútil tentar descrever o tanto do quanto vi
Na estampa exuberante daquela deusa de folhas
E pele tostada de sol.
Ela era luz de encantamento e esplendor.
Seus olhos como o sol,
Alcançavam os lugares escondidos.
Lambia cada brecha com sua língua de fogo.
A boca como um vulcão,
Combinava confluências de água e céu,
Céu e terra, modificando suavemente
O meu querer.
O meu querer.
As palavras soltavam-se como fumaça,
Os cabelos eram como a selva verde,
Ondulantes, onde pássaros e frutos,
Perdiam-se num enxame de cores.
Seus seios eram dois montes
Marcados num mapa.
Marcados num mapa.
Um vale profundo entre eles sinalizava
A relva do paraíso.
A relva do paraíso.
Deslizei tudo aquilo,
Tentando descer, temendo,
Tentando descer, temendo,
Com medo de ficar preso naquele
Espaço quente e perfumado
E não querer mais sair.
Espaço quente e perfumado
E não querer mais sair.
Rasguei o véu de torpor que me encontrava
E desci tateando a suave maciez de montes e vales.
Senti a redondez de cada pomo
Que se me oferecia suculento e doce.
Deitei nessa paisagem de lago,
Numa água clara que refletia como um espelho.
E lá onde se fechava o vale das tormentas,
Desci mudo, enroscando-me enlouquecido,
Embriagado pelo perfume da noite mais profunda.
Ali onde tudo era invisível
Onde meu guia era o olfato
E o gosto uma delícia inexplicável,
E o gosto uma delícia inexplicável,
Cantei e dancei nesse enigma,
Nesse regato quente e úmido como o universo.
Conheci o templo das vertigens,
Apredi a arte de mudar
O vapor de meu hálito em sonhos.
Agora adormeço verde e fresco como um menino.O vapor de meu hálito em sonhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário