terça-feira, 22 de maio de 2007

Menina-Moça

Pintura de Egon Schiele

E dela foi nascendo
Uma multidão de coisas novas.
Tudo girava em torvelinho
Fazendo um sentido melhor.
Seus desejos abriam-se
Tornando-se sementes.
Colhiam-se frutos de sua boca,
Seus cabelos ondulavam flores,
E os braços se faziam galhos
Para o abraço desse despertar.

Ela permanecia serena
Nessa volúpia de seu nascer.
Quando o vento lhe fustigava a pele,
Flutuava um respirar de brisa,
Para perfumar minúcias desde o amanhecer.

E como uma pena leve
Deixava-se pousar tão breve,
No invisível das coisas do olhar.

Meu pressentimento nasceu
Do átimo de um de seus olhares.
Vi seu coração quieto
Num trançar de heras
E a volúpia inquieta
De seu caminhar.

Acariciei seus cabelos de seda,
Sentindo um tremor de folhas,
Como um galho verde que se vai dobrar,
Fremindo uma ansiedade louca,
Abrindo-se num clamor de fendas,
Tombando-se a se entregar.

Apanhei-a como a uma fruta,
Suguei sua flor que ardia,
Pulsando um desejo ardente,
Destinado a este meu olhar.

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