domingo, 13 de maio de 2007

O Sol

Ilustração Josephine Wall


Numa atmosfera quente e almiscarada,
Teço o manto do universo.
Costuro estrelas e planetas
Num fio de gás,
Feito de misturas essenciais
Que permeiam o cosmo.

Estonteante é o gás difuso,
Que sai das estrelas mortas,
Quando bato o tecido
Para que se torne claro e limpo.

Comprimi-o em minhas coxas,
Para que não voe ao vento
E eu não perca toda a densidade obtida.

Tento contrair-me
E prendo as bordas do universo,
Num colar de nuvens de calor.

Teço uma grande estrela,
Como um broche de luz radiativa,
Que transformará tudo o que tocar
Em vida.
Assim, nascerei todos os dias para ti.


Um comentário:

Anônimo disse...

Raquel

Eu, definitivamente, sou um apaixonado por tua poesia.
Ela me faz ter absoluta certeza de que Clarice Lispector deixou uma sucessora neste planeta azul ( não mais tão azul!).
Teu texto é intrigante, sedutor, e nos vicia definitivamente. Mesmo no asfalto mais árido, há a possibilidade de nascer uma flor; e ela aqui está perfumando tua poesia.
E tuas fotos são maravilhosas. Uma delas me lembrou Greta Garbo! As demais são lindas! O que mais poderia dizer? Apenas... obrigado!
bjos
sergio trouillet maio 2007