sábado, 26 de maio de 2007

Arrepio

Pintura de Amadeo Modigliani

Entro calada,
Recolho os fiapos
Que me arrepiam,
Capto suas fendas
E dobras lascivas.

Cresço ao menor contato.
Estou camuflada,
Inflada.

Minha dor é pulsante,
Bate no compasso
De meu coração.

Vem o arrepio
Que percorre a mente.
Meu álibi
Conecta-se com seu sorriso.
Engole-me
E atesta o inevitável:
Sou estrangeira em mim.

Sinto o frio cortante
Do arrepio varrendo
O calor de meu corpo.

E é no seu
Que o meu frio desliza.
Desconheço o calor e a cor,
Camuflada de desejos,
Que pulsa aos pedaços,
Convidando-me ao arrepio.

Venho sussurrando
Que minha ansiedade
De te ter está pronta,
E transborda como água da fonte.

Curvo-me para recebê-lo
Em cada brecha escondida
Neste frenesi de arrepios.
Todas as possibilidades
Mostram-se,
E não tê-lo é insuportável.

Então me colo ao arrepio
E dou-me a essa pele
Cheia de brasas
Que me faz queimar
Num mar incandescente.

Dissolvo-me
Na posse de mim mesma,
Nesse emaranhado de corpos
Que somos nós.

Um comentário:

Unknown disse...

Oi, Rachel! Muito lindos os seus poemas, você escreve divinamente bem!